23 de abr. de 2011

História da MPB - Vol. 09 - João de Barro e Alberto Ribeiro - 1970

JOÃO DE BARRO (Braguinha) Filho do gerente da fábrica de tecidos Confiança, Carlos Alberto Ferreira Braga nasceu em 29 de março de 1907, e começou a cantar numa época em que os moços de família não podiam viver de música. Primeiro no grupo amador A Flor do Tempo com os colegas de bairro (Alvinho, Almirante e Henrique Brito) e a seguir, já profissionalizado, ao lado de certo Noel de Medeiros Rosa, no Bando dos Tangarás, em que todos adotaram convenientes apelidos ornitológicos. O de Braguinha, João de Barro, pegou nas primeiras gravações como intérprete, em 1931 (Cor de Prata, Minha Cabrocha, de Lamartine Babo) e foi usado durante muito tempo pelo compositor de sucessos como os inaugurais Trem Blindado e Moreninha da Praia, no carnaval de 1933. A partir daí, mesmo sem conhecimentos formais de música, compondo na base do assovio, ele se transformou num campeão da folia, especializado em marchinhas, como Linda Lourinha, Uma Andorinha Não Faz Verão, Linda Mimi, Dama das Camélias, Cadê Mimi, Balancê (que redobraria o sucesso na regravação de Gal Costa, quarenta e dois anos depois), Andaluzia (recriada por Maria Bethânia), Pirata da Perna de Pau, China Pau, Chiquita Bacana (que projetou Emilinha Borba), A Mulata É a Tal, Tem Gato na Tuba, Adolfito Mata-Mouros (sátira a Hitler) e o misto de paso doble Touradas em Madri, cantado por um Maracanã em festa na goleada do Brasil sobre a Espanha, na fatídica Copa de 50. Participou como diretor e roteirista de filmes como Estudantes (1935), Alô, Alô, Carnaval (1936), Banana da Terra (1938) e Laranja da Terra (1940). Nessa época, começou a trabalhar como diretor artístico da gravadora Continental, onde projetou nomes como Radamés Gnattali, Tom Jobim (sua Sinfonia do Rio de Janeiro, parceria com Billy Blanco foi gravada duas vezes), Lúcio Alves, Dick Farney, Doris Monteiro, Tito Madi, Nora Ney, Jorge Goulart e Jamelão. Em 1937, a cantora Heloísa Helena pediu-lhe uma letra para um choro-canção instrumental de Pixinguinha e nasceu o hino Carinhoso. Da mesma forma que modificou Linda Pequena de Noel Rosa para As Pastorinhas, que se tornaria um clássico póstumo do poeta da Vila, Braguinha (com parceiros como o médico Alberto Ribeiro) cunhou o manifesto pré-tropicalista Yes, Nós Temos Bananas (resposta ao fox americano Yes, We Have No Bananas). Fez ainda tanto o samba-canção de inspiração rural (Mané Fogueteiro, emblemático na voz de Augusto Calheiros, a Patativa do Norte) quanto urbano-modernista como Laura e Copacabana, cuja gravação, de Dick Farney, em 1946, com arranjo de cordas de Radamés Gnattali, seria considerada precursora da bossa nova. Apimentando suas composições à medida que mudavam os costumes (Vai com Jeito, Garota de Saint-Tropez, Garota de Minissaia), ele também arquitetou com delicadeza a mais impressionante coleção de discos infantis, aclimatando para o Brasil histórias da Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho, Alice no País das Maravilhas, além de recuperar inúmeras cantigas de roda. Com espírito de criança, Braguinha foi um retrato cantado da alma jovial do Rio de Janeiro dos melhores tempos. Faleceu em 24 de dezembro de 2006, aos 99 anos, no Rio de Janeiro. (Tárik de Souza)

ALBERTO RIBEIRO Alberto Ribeiro da Vinha era seu nome verdadeiro. Cantor e compositor nasceu no Rio de Janeiro RJ em 27.8.1902 no bairro da Cidade Nova, onde iniciou sua carreira fazendo músicas para o bloco carnavalesco Só de Tanga, do qual participava. Sua primeira composição editada foi o samba Água de coco (com Antônio Vertulo), em 1923. Transferiu-se para o bairro do Estácio, onde conheceu Bide, com quem compôs algumas músicas. Por essa época, iniciou curso de engenharia, que logo abandonou pela medicina. Em fins de 1929, organizou o Grupo dos Enfezados, do qual participava como cantor, integrado por Sátiro de Melo (violão), Nelson Boina (cavaquinho) e Mesquita (violão). Por influência de Eduardo Souto, o grupo gravou dois discos, na Odeon, em 1930. Formou-se médico em 1931 e especializou-se em homeopatia. Em 1933, como cantor, gravou As Brabuleta (de sua autoria), na Columbia. Em parceria com Nássara, em 1934 fez a marchinha Tipo sete, cujo tema era o mercado do café, que, gravada por Francisco Alves na Odeon, Obteve o primeiro lugar no concurso da prefeitura naquele ano. Em 1935, conheceu João de Barro, através do editor Mangione, que os convidou para musicar o filme Carnavalesco Alô, alô, Brasil, do norte-americano Wallace Downey. A partir de então, tornaram-se parceiros constantes e, ainda em 1935, lançaram sua primeira composição, Deixa a lua sossegada, gravada por Almirante. Juntos, continuaram a trabalhar em cinema, como autores de trilhas sonoras de vários filmes carnavalescos e, às vezes, como diretores e argumentistas. Entre os filmes de que participaram, como argumentistas, destacam-se, além de Alô, alô, Brasil (1935), Estudantes (1935), com direção de Wallace Downey, e Alô, alô, Carnaval (1936), com direção de Ademar Gonzaga. Tendo ainda João de Barro como parceiro, em 1935 compôs Seu Libório, choro gravado em 1941 por Vassourinha, na Columbia. Também de 1935 é a marcha junina Sonho de papel (com João de Barro), grande sucesso, que fez parte da trilha sonora do filme Estudantes e foi gravado por Carmen Miranda em 1935 na Odeon. Em 1937 compôs Cachorro vira-lata, samba-choro gravado por Carmen Miranda. Em 1938, compôs Yes! nos temos bananas... (com João de Barro), gravada por Almirante, na Odeon (regravada em 1967 por Caetano Veloso, na Philips); do outro lado desse mesmo disco, Almirante interpretou sua marcha Touradas em Madrid (com João de Barro), e ambas foram grande sucesso no Carnaval de 1938. Touradas em Madrid chegou a vencer um concurso carnavalesco em 1938, mas a competição foi anulada sob a alegação de que se tratava de um paso doble e, portanto, de música estrangeira. Em seu lugar, venceu a música Pastorinhas (João de Barro e Noel Rosa). Em 1943, continuando a parceria com João de Barro, fez a marcha China Pau, gravada por Castro Barbosa. Em 1946, o cantor estreante Dick Farney lançou, pela Continental, o samba-canção Copacabana, um dos maiores sucessos da dupla. Em 1948, a marcha Tem gato na tuba (com João de Barro) obteve grande êxito, na voz de Nuno Roland, e, no ano seguinte, Chiquita bacana, da mesma dupla, gravada por Emilinha Borba, foi uma das músicas mais cantadas do Carnaval. Em 1956, o compositor lançou um LP de dez polegadas, pela Continental, chamado Aviso aos navegantes, em que interpretou 16 músicas de sua autoria, todas de cunho social. Por problemas cardíacos, em 1959 aposentou-se como médico, profissão que exercia em caráter humanitário, cobrando preços simbólicos pelas consultas. Em Janeiro de 1967, prestou depoimento sobre sua vida ao Museu da Imagem e do Som, do Rio de Janeiro. Veio a falecer em 10.11.1971 deixando uma obra espantosa com mais de 400 composições. (http://www.collectors.com.br)

Faixas:
Lado 1
01 TOURADAS DE MADRID
Almirante
02 SEU LIBÓRIO
Vassourinha e o Regional de Benedito Lacerda
03 LINDA BORBOLETA
Carlos Galhardo
04 PASTORINHAS
Sílvio Caldas, Napoleão e os Soldados Musicais

Lado 2
01 YES, NÓS TEMOS BANANA
Caetano Veloso
02 SONHO DE PAPEL
Carmem Miranda
03 LAURA
Jorge Goulart e Orquestra de Radamés Gnatalli
04 COPACABANA
DickFarney

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