30 de out. de 2011

Bezerra Da Silva - Eu Não Sou Santo - 1990

01 - Quando O Morcego Doar Sangue
02 - O Preto E O Branco
03 - Mudo Caguete
04 - Vovô Tira-Tira
05 - Boca de Radar
06 - Eu Não Sou Santo
07 - Se Não Avisar, O Bicho Pega
08 - Passa O Rodo Nele
09 - Divino Mestre
10 - O Filho de Jurema
11 - Cachorrinho de Polícia
12 - O Poeta Operário

Alcione - Emoções Reais 1990

01 Beija-Flor
02 Quando a saudade bater
03 Dona Zica e Dona Neuma
04 Duas faces
05 Roxo, alma brilhante
06 Poeira da idade
07 São Jorge
08 Melhores momentos
09 Aniceto, O partido mais alto
10 A outra
11 Divina malícia
12 Quem diria
13 De teresina a São Luís
14 Velha Chica

13 de out. de 2011

João da Baiana em 78 rpm


 1 - D. Clara (Não te quero mais) (João da Baiana - Donga) - Samba
(1927) ODEON 10.084-a
Intérprete: Patrício Teixeira

2 - Cabide de molambo (João da Baiana) - Samba
(1932) ODEON 10.883-a
Intérprete: Patrício Teixeira

3 - Ai Zezé (João da Bahiana - Patrício Teixeira) - Samba
(1932) ODEON 10.883-a
Intérprete: Patrício Teixeira

4 - Já andei (Pixinguinha - João da Baiana - Donga) - Samba
(1932) VICTOR 33.509-a
Intérprete: Zaíra de Oliveira

5 - Que querê (Pixinguinha - João da Baiana - Donga) - Samba
(1932) VICTOR 33.509-a
Intérprete: Zaíra de Oliveira

6 - Perdi minha mascote (João da Baiana) - Samba
(1933) VICTOR 33.733-a
Intérprete: Carmen Miranda e Patrício Teixeira

7 -Quem faz a Deus paga ao diabo (João da Baiana) - Samba
(1933) COLUMBIA 22.173-b
Intérprete: Patrício Teixeira

8 - Deixa amanhecer (Bide - João da Baiana) - Samba
(1935) ODEON 11.282-a
Intérprete: Almirante

9 - É melhor confessar do que mentir (João da Baiana) - Samba
(1938) VICTOR 34.283-a
Intérprete: Odete Amaral

10 - Sereia (João da Baiana - Getúlio Marinho "Amor") - Macumba
(1938) VICTOR 34.313-A
Intérprete: João da Baiana e Seu Conjunto

11 - Folha por folha (João da Baiana - Getúlio Marinho "Amor") - Macumba
(1938) VICTOR 34.313-A
Intérprete: João da Baiana e Seu Conjunto

12 - Pra que tanto orgulho (João da Baiana - Kid Pepe) - Samba
(1939) VICTOR 34.518-a
Intérprete: Aracy de Almeida

13 - Sorris de mim (Babaú - João da Baiana) - Samba
(1940) Victor 34.657-a
Intérprete: Odete Amaral

14 - Mariposa (Wilson Batista - João da Baiana) - Marcha
(1940) VICTOR 34.682-a
Intérprete: Carlos Galhardo

15 - Nicolau (João da Baiana - Ari Monteiro) - Samba
(1942) ODEON 12.107-a
Intérprete: Moreira da Silva

16 - Ogum Nilê (João da Baiana) - Macumba
(1950) ODEON 13.033-a
Intérpretes: Trigêmeos Vocalistas

17 -Lamento de Inhaçã (João da Baiana) - Macumba
(1952) ODEON 13.330-a
Intérprete: João da Baiana

18 -Lamento de Xangô (João da Baiana) - Macumba
(1952) ODEON 13.330-a
Intérprete: João da Baiana

19 - Vovó Joana do Aguiné (João da Baiana) - Corima
(1956) SINTER 496-a
Intérprete: João da Baiana

20 - Vai I Aô (João da Baiana) - Corima
(1956) SINTER 496-a
Intérprete: João da Baiana

21 - Quê quê rê quê quê (João da Baiana) - Corima
(1956) ODEON 13.999-a
Intérprete: João da Baiana

22 - Saudação a Iemanjá (João da Baiana) - Corima
(1956) ODEON 13.999-a
Intérprete: João da Baiana

23 - Ogum Nilê (João da Baiana) - Corima
(1957) SINTER 548-a
Intérprete: João da Baiana

24 - Homenagem a Oxalá (João da Baiana) - Corima
(1957) SINTER 548-a
Intérprete: João da Baiana

3 de out. de 2011

O duelo musical entre Noel Rosa e Wilson Batista



POLÊMICA - NOEL ROSA/WILSON BATISTA

01. Lenço no pescoço
02. Rapaz folgado
03. Mocinho da Vila
04. Palpite infeliz
05. Feitiço da Vila
06. Conversa fiada
07. João Ninguém
08. Frankenstein
09. Eu vou pra Vila
10. Terra de cego
11. Vitória
12. Meu mundo é hoje

* Roberto Paiva canta as canções de Wilson Batista e Francisco Egydio de Noel Rosa.

* Desenho da capa feito pelo caricaturista, jornalista e compositor Antonio Nássara.

Tudo começou quando em 1933, Wilson Batista lançou a musica “Lenço no Pescoço”, onde proclamava seu orgulho em ser vadio e associava a imagem do sambista à malandragem.

Lenço no Pescoço
Wilson Batista
Meu chapéu do lado
Tamanco arrastando
Lenço no pescoço
Navalha no bolso
Eu passo gingando
Provoco e desafio
Eu tenho orgulho
Em ser tão vadio

Sei que eles falam
Deste meu proceder
Eu vejo quem trabalha
Andar no miserê
Eu sou vadio
Porque tive inclinação
Eu me lembro, era criança
Tirava samba-canção
Comigo não
Eu quero ver quem tem razão

E eles tocam
E você canta
E eu não dou

Noel Rosa se sentiu incomodado com a associação e mandou logo uma resposta bem direta, compondo “Rapaz Folgado”. Na letra, Noel não deixa margem sobre suas intenções...

Rapaz Folgado
Noel Rosa
Deixa de arrastar o teu tamanco
Pois tamanco nunca foi sandália
E tira do pescoço o lenço branco
Compra sapato e gravata
Joga fora esta navalha que te atrapalha

Com chapéu do lado deste rata
Da polícia quero que escapes
Fazendo um samba-canção
Já te dei papel e lápis
Arranja um amor e um violão

Malandro é palavra derrotista
Que só serve pra tirar
Todo o valor do sambista
Proponho ao povo civilizado
Não te chamar de malandro
E sim de rapaz folgado

Wilson Batista sentiu-se ofendido pelo golpe inesperado e reagiu com o samba “Mocinho da Vila”. “Se não quiser perder/Cuide do seu microfone e deixe/Quem é malandro em paz...”

Mocinho da Vila
Wilson Batista
Você que é mocinho da Vila
Fala muito em violão, barracão e outros fricotes mais
Se não quiser perder
Cuide do seu microfone e deixe
Quem é malandro em paz
Injusto é seu comentário
Falar de malandro quem é otário
Mas malandro não se faz
Eu de lenço no pescoço desacato e também tenho o meu cartaz

A elegante resposta veio com “Feitiço da Vila”, parceria com o pianista Vadico.

Feitiço da Vila
Noel Rosa
Quem nasce lá na Vila
Nem sequer vacila
Ao abraçar o samba
Que faz dançar os galhos,
Do arvoredo e faz a lua,
Nascer mais cedo.

Lá, em Vila Isabel,
Quem é bacharel
Não tem medo de bamba.
São Paulo dá café,
Minas dá leite,
E a Vila Isabel dá samba.

A vila tem um feitiço sem farofa
Sem vela e sem vintém
Que nos faz bem
Tendo nome de princesa
Transformou o samba
Num feitiço descente
Que prende a gente

O sol da Vila é triste
Samba não assiste
Porque a gente implora:
"Sol, pelo amor de Deus,
não vem agora
que as morenas
vão logo embora

Eu sei tudo o que faço
sei por onde passo
paixao nao me aniquila
Mas, tenho que dizer,
modéstia à parte,
meus senhores,
Eu sou da Vila!

Wilson Batista achou que o canto de amor á Vila Isabel era uma fuga da briga e satisfeito com a notoriedade alcançada pela mesma, voltou ao ataque com “Conversa Fiada”

Conversa fiada
Wilson Batista

É conversa fiada dizerem que o samba na Vila tem feitiço
Eu fui ver para crer e não vi nada disso
A Vila é tranqüila porém eu vos digo: cuidado!
Antes de irem dormir dêm duas voltas no cadeado
Eu fui à Vila ver o arvoredo se mexer e conhecer o berço dos folgados
A lua essa noite demorou tanto
Assassinaram o samba
Veio daí o meu pranto

Mexer com a Vila Isabel de Noel Rosa foi o erro fatal de Wilson Batista e motivo de glória para o cancioneiro nacional.
Isso proporcionou a composição de uma das maiores obras-primas do nosso samba: “Palpite Infeliz”.
O adversário de Noel é claramente desacreditado pela pergunta: “Quem é você, que não sabe o que diz?”

Palpite Infeliz
Noel Rosa
Quem é você que não sabe o que diz?
Meu Deus do Céu, que palpite infeliz!
Salve Estácio, Salgueiro, Mangueira,
Oswaldo Cruz e Matriz
Que sempre souberam muito bem
Que a Vila Não quer abafar ninguém,
Só quer mostrar que faz samba também

Fazer poema lá na Vila é um brinquedo
Ao som do samba dança até o arvoredo
Eu já chamei você pra ver
Você não viu porque não quis
Quem é você que não sabe o que diz?

A Vila é uma cidade independente
Que tira samba mas não quer tirar patente
Pra que ligar a quem não sabe
Aonde tem o seu nariz?
Quem é você que não sabe o que diz?
Não entendendo a elegância de Noel, neste momento o compositor Wilson Batista perde a linha e parte de vez para o ataque com a canção “Frankenstein da Vila”, que não chegou nem perto de desbancar o poeta maior de Vila Isabel.

Frankenstein da Vila
Wilson Batista
Boa impressão nunca se tem
Quando se encontra um certo alguém
Que até parece um Frankenstein
Mas como diz o rifão: por uma cara feia perde-se um bom coração
Entre os feios és o primeiro da fila
Todos reconhecem lá na Vila
Essa indireta é contigo
E depois não vá dizer
Que eu não sei o que digo
Sou teu amigo

Apesar da violência da resposta, o próprio Wilson Batista se confessou arrependido, anos mais tarde, por ter se aproveitado do complexo de feiúra de Noel Rosa.
A disputa ainda rendeu algumas replicas:

João Ninguém
Noel Rosa
João Ninguém
Que não é velho nem moço
Come bastante no almoço
Pra se esquecer do jantar...
Num vão de escada
Fez a sua moradia
Sem pensar na gritaria
Que vem do primeiro andar

João Ninguém
Não trabalha e é dos tais
Mas joga sem ter vintém
E fuma Liberty Ovais
Esse João nunca se expôs ao perigo
Nunca teve um inimigo
Nunca teve opinião

João Ninguém
Não tem ideal na vida
Além de casa e comida
Tem seus amores também
E muita gente que ostenta luxo e vaidade
Não goza a felicidade
Que goza João Ninguém!

João Ninguém não trabalha um só minuto
E vive sem ter vintém
E anda a fumar charuto
Esse João nunca se expôs ao perigo
Nunca teve um inimigo
Nunca teve opinião

Wilson por sua vez lançou “Terra de Cego”. 

Terra de Cego
Wilson Batista
Perde a mania de bamba
Todos sabem qual é
O teu diploma no samba.
És o abafa da Vila, eu bem sei,
Mas na terra de cego
Quem tem um olho é rei.
Pra não terminar a discussão
Não deves apelar
Para um barulho na mão.
Em versos podes bem desabafar
Pois não fica bonito
Um bacharel brigar.

A contenda já dava mostras de não possuir mais a mesma intensidade de antes, os dois compositores já estavam virando mesmo amigos.
Pouco tempo depois, em 1937, morreu o jovem Noel Rosa, aos 26 anos, mas antes compôs junto com o antigo rival.
Quem saiu ganhando neste duelo foi a Música Popular Brasileira.

Vitória
Nonô, Noel Rosa
Antes da vitória,
não se deve cantar glória
Você criou fama,
deitou-se na cama...
Eu que não estou dormindo
Vou subindo, vou subindo
enquanto você vai decaindo.
Antes da vitória,
não se deve cantar glória
Você criou fama,
deitou-se na cama...
Eu que não estou dormindo
Vou subindo, vou subindo
enquanto você vai decaindo.
Quero a minha independência,
E com jeito e paciência,
me preparo pro futuro.
Não garanto, nem duvido
Mas você tome sentido que entre nós o páreo é duro.
Agüentei muita indireta,
Mas andei na linha reta,
não maldigo a minha sorte.
Vou agindo com cadencia,
Sei que a minha independência há de ser a sua morte.
Antes da vitória,
não se deve cantar glória
Você criou fama,
deitou-se na cama...
Eu que não estou dormindo
Vou subindo, vou subindo
enquanto você vai decaindo.
Antes da vitória,
não se deve cantar glória
Você criou fama,
deitou-se na cama...
Eu que não estou dormindo
Vou subindo, vou subindo
enquanto você vai decaindo.
Sua voz, se alguém percebe,
Bem humilde lhe recebe
sua entrada ninguém ferra.
Você goza de ventura,
Mas quem voa em grande altura
Leva sempre grande queda.
Não tenho medo de grito
Sempre fiz papel bonito, o que eu falo é bem pensado.
Não aceito escaramuça
E que aceite a carapuça quem se sentir nele ingrato.

Eu Vou Pra Vila
Noel Rosa
Não tenho medo de bamba
Na roda de samba
Eu sou bacharel
(Sou bacharel)
Andando pela batucada
Onde eu vi gente levada
Foi lá em Vila Isabel...

Na Pavuna tem turuna
Na Gamboa gente boa
Eu vou pra Vila
Aonde o samba é da coroa.
Já saí de Piedade
Já mudei de Cascadura
Eu vou pra Vila
Pois quem é bom não se mistura

Quando eu me formei no samba
Recebi uma medalha
Eu vou pra Vila
Pro samba do chapéu de palha.
A polícia em toda a zona
Proibiu a batucada
Eu vou pra Vila
Onde a polícia é camarada.

Meu Mundo É Hoje
Wilson Batista
Eu sou assim
Quem quiser gostar de mim eu sou assim
Eu sou assim
Quem quiser gostar de mim eu sou assim

Meu mundo é hoje
Não existe amanhã pra mim
E sou assim
Assim morrerei um dia
Não levarei arrependimentos
Nem o peso da hipocrisia

Eu sou assim...

Meu mundo é hoje...

Tenho pena daqueles
Que se agacham até o chão
Enganando a si mesmos
Com dinheiro, posição
Nunca tomei parte
Desse enorme batalhão
Pois sei que além de flores
Nada mais vai no caixão

24 de set. de 2011

Adoniran Barbosa em 78 rpm


1 - Dona Boa (J. Aimberê - Adoniran Barbosa) - Marcha
(1935) COLUMBIA 8.129-B
Canta: Raul Torres

2 - Agora pode chorar (Adoniran Barbosa - José Nicolini) - Samba
(1936) COLUMBIA 8.171-B
Canta: Adoniran Barbosa

3 - Um amor que já passou (Adoniran Barbosa - Eratóstenes Frazão) - Samba
(1936) COLUMBIA 8.211-B
Canta: Déo

4 Chega (José Marcílio - Adoniran Barbosa) - Samba
(1936) COLUMBIA 8.212-B
Canta: Déo

5 - Tô com a cara torta (Ivo de Freitas - Adoniran Barbosa) - Cateretê
(1946) VICTOR 80-0393-a
Cantam: Raul Torres e Florêncio

6 - Os mimoso colibris (Osvaldo Molles - Hervé Cordovil) - Marcha-rancho
(1951) CONTINENTAL 16.468-a
Canta: Adoniran Barbosa

7 - Saudade da maloca (Adoniran Barbosa) - Samba
(1951) CONTINENTAL 16.468-a
Canta: Adoniran Barbosa

8 - Malvina (Adoniran Barbosa) - Samba
(1952) ELITE SPECIAL N-1.065-a
Cantam: Demônios da Garoa

9 - Joga a chave (Adoniran Barbosa - Osvaldo França) - Samba
(1953) ELITE SPECIAL N-1.120-a
Cantam: Demônios da Garoa

10 - Samba do Arnesto (Adoniran Barbosa - Alocin) - Samba
(1953) CONTINENTAL 16.707-a
Canta: Adoniran Barbosa

11 - Conselho de mulher (Adoniran Barbosa - Osvaldo Molles - João B. Dos Santos) - Samba
(1953) CONTINENTAL 16.707-a
Canta: Adoniran Barbosa

12 - A louca chegou (Rômulo Paes - Adoniran Barbosa - Henrique de Almeida) - Samba
(1953) CONTINENTAL 16.692-a
Canta: Emilinha Borba

13 - Conselho de Mulher (Adoniran Barbosa - Osvaldo Molles - João B. Dos Santos) - Samba
(1955) ODEON 13.904-a
Cantam: Demônios da Garoa

14 - As mariposas (Adoniran Barbosa) - Samba
(1955) ODEON 13.904-a
Cantam: Demônios da Garoa

15 - Saudosa maloca (Adoniran Barbosa) - Samba
(1955) ODEON 13.855-a
Cantam: Demônios da Garoa

16 - O Samba do Arnesto (Adoniran Barbosa - Alocin) - Samba
(1955) ODEON 13.855-a
Cantam: Demônios da Garoa

17 - Um samba no Bixiga (Adoniran Barbosa) - Samba
(1956) ODEON 14.049-a
Cantam: Demônios da Garoa

18 - Apaga o fogo Mané (Adoniran Barbosa) - Samba
(1956) ODEON 14.115
Cantam: Demônios da Garoa

19 - Quem bate sou eu (Adoniran Barbosa - Artur Bernardo) - Samba
(1956) ODEON 14.115
Cantam: Demônios da Garoa

20 - Iracema (Adoniran Barbosa) - Samba
(1956) ODEON 14.001-a
Cantam: Demônios da Garoa

21 - No Morro da Casa Verde (Adoniran Barbosa) - Samba
(1959) ODEON 14.472
Cantam: Demônios da Garoa

Ameno Resedá, o primeiro Rancho


O Ameno Resedá foi o mais famoso de todos os ranchos carnavalescos da cidade do Rio de Janeiro. Criado em 1907 por um grupo de funcionários públicos cariocas, após um piquenique em Paquetá, tinha sua sede no bairro do Catete.

Em 1908 o grupo teatralizou o tema a Corte Egipciana. Essa novidade agradou e foi imitado pelos demais ranchos. Seus enredos eram quase sempre mitológicos e serviam como ponto de união para se contar uma história com princípio, meio e fim. Isso criava condições dentro da visão do povo para maior brilho e explendor. As fantasias eram luxuosas, usavam materiais como lamê, seda e plumas e representavam príncipes, princesas, deuses, flores, caçadores ou animais. As fantasias dos Ranchos costumavam apresentar grandes resplendores e, muitas vezes, alegorias de mão.

Em 1914, O Ameno Resedá desfilou ao lado das sociedades carnavalescas. Em 1917, introduz a Comissão de Rancho, percussora das comissões de frente das escolas de samba. Naquele ano era composta por quatro sátiros transformados em "Príncipes Caçadores" com um séquito de Júpiter, Minerva, Atlas e doze pastores.

O Ameno Resedá tinha entre seus fãs Paulo de Frontin, Arnaldo Guinle, Oswaldo Gomes e Coelho Neto. Entre seus diretores de harmonia, ao longo dos anos, esteve o sambista Sinhô.

Em 1923, Coelho Neto, fã dos ranchos e torcedor do Ameno, faz uma crítica construtiva ao excesso de temas estrangeiros apresentados pelos ranchos, não por serem estrangeiros, mas sim porque na sua opinião eles já haviam sido repetidos com exaustão, a exemplo do que ocorre hoje com alguns enredos de escolas de samba.

O Ameno Resedá então compreende o recado e em 1924 traz o tema O Hino Nacional, considerado revolucionário, não apenas por ser nacional,mas também por ser um tema abstrato. Porém o rancho fica apenas com o terceiro lugar, o que teria levado Coelho Neto a escrever aos diretores do Ameno na época para que não desanimassem, pois nem sempre "quem planta é quem colhe".

Em 30 de janeiro de 1941, o Ameno Resedá realiza sua última assembléia, onde é decidida a sua extinção. Parte de seus bens são doados à Irmandade de Nossa Senhora da Glória.

Fonte:Wikipédia. Leitura Recomendada: JOTA EFEGÊ. Ameno Resedá: o rancho que foi escola. Rio de Janeiro: Letras e Artes, 1965.

Pixinguinha e Sua Banda

 
 
Lado A

01-Pula fogueira (Getulio Marinho (Amor) – João Bastos Filho)
02-Fale na orelhinha de cá (Haroldo Lobo – Milton de Oliveira)
03-Tentei fazer mais um baião (Assis Valente)
04-Baile na roça (Haroldo Lobo – Milton de Oliveira)
05-Cai cai balão (Assis Valente)
06-O casamento da filha do Thomaz (Haroldo Lobo – Milton Oliveira)

Lado B

01-O delegado quer prender o Antonio (Haroldo Lobo – Milton Oliveira)
02-Chegou a hora da fogueira (Lamartine Babo)
03-Dias dos namorados (Haroldo Lobo – Milton Oliveira)
04-Pedro, Antonio e João (Benedicto Lacerda – Oswaldo Santiago)
05-Lá vem a Rita (Haroldo Lobo – Milton Oliveira)
06-Isto é lá com Santo Antonio (Lamartine Babo)

Getúlio Marinho

O Rancho fundado por Tia Ciata "Macaco é o outro"(referência e crítica ao preconceito racial ) era integrado por: Hilário Jovino Ferreira, Perciliana Maria Constança (mãe do João da Baiana), Tia Amélia do Aragão (mãe do Donga), Getúlio Marinho da Silva, Tia Bebiana, Tia Rosa, Tia Sidata.
Getúlio Marinho (Getúlio Marinho da Silva), compositor e dançarino, também conhecido pelo apelido de "Amor" nasceu em Salvador, Bahia, em 15/11/1889, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 31/1/1964. Filho de Paulina Teresa de Jesus e de Antonio Marinho da Silva, conhecido por "Marinho que toca". Aos seis anos mudou com a família para o Rio de Janeiro. Com essa mesma idade passou a integrar o Rancho Dois de Ouro.

Foi criado frequentando as casas de tias baianas como Bebiana, Gracinda, Ciata e Calu Boneca. Participou dos primeiros ranchos carnavalescos cariocas criados por baianos do bairro da Saúde. Saía como porta-machado no Dois de Ouros, e desfilava ainda no Concha de Ouro.

Freqüentou as rodas de samba organizadas pelos baianos que se reuniam no Café Paraíso, situado na antiga Rua Larga de São Joaquim, atual Avenida Marechal Floriano. Com o pioneiro Hilário Jovino Ferreira aprendeu a coreografia dos mestres-sala dos ranchos, tornando-se um grande especialista nesta arte, sendo mestre-sala de vários ranchos carnavalescos. De 1940 a 1946 foi o "cidadão-samba" do carnaval carioca.

Em 1916 iniciou a carreira artística atuando como dançarino na revista Dança de velho, apresentada no Teatro São José. No ano seguinte, desfilou como mestre-sala no rancho "Flor do Abacate". Em 1919 foi o mestre-sala do rancho "Quem fala de nós tem paixão". Em 1921 passou a atuar no rancho "Reinado de Silva".

Em 1930 teve sua primeira composição gravada, o samba Não quero amor, pelo Conjunto Africano na Odeon. Frequentou terreiros de macumba e conheceu pais de santo famosos como João Alabá, Assumano e Abedé, passando a recolher pontos de macumba e os levando para o disco, com Elói Antero Dias, como Ponto de Exu, de domínio público, disco 78 rpm, gravadora Odeon, 1930; Ponto de Inhansã, de domínio público, disco 78 rpm, gravadora Odeon, 1930; e Ponto de Ogum, de domínio público, disco 78 rpm, gravadora Odeon, 1930. Outros pontos de macumba, de sua autoria foram gravados por Moreira da Silva.

Em 1931 Patrício Teixeira gravou o samba Não chores, benzinho, Francisco Alves, o samba Apanhando papel, parceria com Ubiratã Silva e Luís Barbosa o samba Fome não é pagode, todos na Odeon.

Em 1932 teve gravados os sambas Vou me regenerar, por Francisco Alves e Não gostei dos seus modos, por Luiz Barbosa e Vitório Lattari; e os pontos de macumba Ererê e Rei de Umbanda, por Moreira da Silva. No mesmo ano, seu samba Gegê, parceria com Eduardo Souto, venceu um concurso carnavalesco promovido pelo jornal Correio da Manhã, foi gravado com grande sucesso por Jaime Vogeler e serviu como mote para a criação da revista Calma Gegê, estrelado por Otília Amorim no Teatro Recreio. Feito inicialmente para focalizar o então presidente Getúlio Vargas, seus versos que diziam: "Tenha calma, Gegê /  Tenha calma Gegê / Vou ver se faço / Alguma coisa por você", tornou-se um modismo e um dito popular da época. 

Em 1933 compôs com Bide o samba Vou te dar, com Orlando Vieira, a batucada Mumba no caneco, ambas gravadas por Luiz Barbosa e com Valdemar Silva o samba Até dormindo sorriste, registrado por Jaime Vogeler. No mesmo ano, Patrício Teixeira gravou o partido alto Tentação do samba, parceria com João Bastos Filho. 

Em 1934 teve o samba Quando me vejo num samba, gravado por Patrício Teixeira. No ano seguinte, Castro Barbosa registrou a marcha De quem será?, parceria com João Bastos FIlho. No mesmo ano foi escolhido como segundo secretário, a primeira diretoria da União das Escolas de Samba.

Em 1936 teve o samba Molha o pano, parceria com Vasconcelos gravado por Aurora Miranda e a marcha  Pula a fogueira, parceria com João Bastos Filho por Francisco Alves na Victor. No ano seguinte, o instrumentista Luís Americano gravou ao saxofone sua valsa Teu olhar, parceria com J. Bastos Filho. 

Em 1939, Orlando Silva gravou o samba Vai cumprir o teu fado, com J. Bastos Filho. Em 1944 Nelson Gonçalves gravou o samba Nadir, outra parceria com João Bastos Filho, seu principal parceiro. Era considerado grande tocador de omelê, antigo nome da cuíca. Foi um dos pioneiros das escolas de samba. 

Em 1961 teve o batuque Macumbembê, gravado por J. B. de Carvalho. Em 1963 adoeceu seriamente sendo internado no Hospital dos Servidores da então Guanabara, vindo a falecer quase esquecido no ano seguinte.

Sobre ele, assim falou Jota Efegê, no livro Figuras e coisas da Música Popular Brasileira: "...sempre impôs sua presença nos desfiles. Vestindo roupas de fidalgo, calçando sapatos de fivela e salto alto, de luvas e cabeleira empoada, sentia-se personagem vindo dos tempos de Luiz XIV, Xv ou de uma corte qualquer para ser o galã da porta-estandarte nos cortejos em que figurava. Sóbrio na sua coreografia, sem acrobacias, presepadas ou letras espetaculares, lograva os aplausos do público justamente por isso que se pode designar como finesse".

Obra


Apanhando papel (com  Ubiratã Silva), Até dormindo sorriste (com Valdemar Silva), Auê, Bumba no caneco (com Orlando Vieira), Cafioto, De quem será? (Acom João Bastos Filho), É timbetá, Ererê, Eu sou é bamba, Fome não é pagode, Gegê (com Eduardo Souto), Isquindó (com Antenor Borges), Macumbembê, Molha o pano (com Vasconcelos), Na favela, Na mata virgem, Nadir (com João Bastos Filho), Não chores, benzinho, Não gostei dos seus modos, Não quero teu amor, Óh Mariana (com João Bastos Filho), Pula a fogueira (com João Dornas filho), Quando me vejo num samba, Rei de Umbanda, Tentação do samba (com Joao Bastos Filho), Teu olhar (com J. Bastos Filho), Vai cumprir o teu fado (com J. Bastos Filho), Vou me regenerar, Vou te dar (com Alcebíades Barcelos).

Fontes: Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana - Nei Lopes - 2a. Edição - Editora Selo Negro; Segredos Guardados - J. Reginaldo Prandi - Companhia das Letras; Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.

Getúlio Marinho "Amor" em 78 rpm

1 - Ponto de Inhassan (Domínio Público) - Macumba
(1930) ODEON 10.679
Intérpretes: Getúlio Marinho “Amor” e Elói Antero Dias

2 - Ponto de Ogum (Domínio Público) - Macumba
(1930) ODEON 10.679
Intérpretes: Getúlio Marinho “Amor” e Elói Antero Dias

3 - Canto de Exu (Domínio Público) - Macumba
(1930) ODEON 10.690
Intérpretes: Getúlio Marinho “Amor” e Elói Antero Dias

4 - Canto de Ogum (Domínio Público) - Macumba
(1930) ODEON 10.690
Intérpretes: Getúlio Marinho “Amor” e Elói Antero Dias

5 - Apanhando papel (Getúlio Marinho "Amor" - Ubiratan da Silva) - Samba
(1931) ODEON 10.767-a
Intérprete: Francisco Alves

6 - Gegê (Eduardo Souto - Getúlio Marinho "Amor") - Marchinha
(1932) ODEON 10.876-a
Intérprete: Jayme Vogeler

7 - Não gostei dos seus modos (Getúlio Marinho "Amor") - Samba
(1932) ODEON 10.879-a
Intérpretes: Luis Barbosa e Vitório Lattari

8 - Na Favela (Getúlio Marinho "Amor") - Samba
(1932) ODEON 10.896-a
Intérprete: Moreira da Silva

9 - Eu sou é bamba (Getúlio Marinho "Amor") - Samba
(1932) ODEON 10.896-a
Intérprete: Moreira da Silva

10 - Pisa no toco (Getúlio Marinho "Amor") - Ponto de macumba
(1932) PARLOPHON 13.400-a
Intérprete: João Quilombô

11 - Quilombô (Getúlio Marinho "Amor") - Ponto de macumba
(1932) PARLOPHON 13.400-a
Intérprete: João Quilombô

12 - Tentação do samba (João Bastos Filho - Getúlio Marinho "Amor") - Samba do partido alto
(1933) VICTOR 33.633-a
Intérprete: Patrício Teixeira

13 - Vou te dar (Alcebíades Barcelos "Bide" - Getúlio Marinho "Amor") - Samba
(1933) ODEON 10.971-a
Intérprete: Luis Barbosa

14 - Bumba no caneco (Orlando Vieira - Getúlio Marinho "Amor") - Samba
(1933) ODEON 10.974-a
Intérprete: Luis Barbosa

15 - Quando me vejo num samba (Getúlio Marinho "Amor") - Samba
(1934) VICTOR 33.818-a
Intérprete: Patrício Teixeira

16 - De quem será? (João Bastos Filho - Getúlio Marinho "Amor") - Marcha
(1935) VICTOR 33.899-a
Intérprete: Castro Barbosa

17 - Pula a fogueira (João Bastos Filho - Getúlio Marinho "Amor") - Marcha
(1936) VICTOR 34.068-a
Intérprete: Francisco Alves

18 - Ê Timbetá - (Getúlio Marinho "Amor") - Jongo
(1936) VICTOR 34.075-a
Intérprete: J. B. de Carvalho

19 - Molha o pano (Getúlio Marinho "Amor" - Vasconcelos) - Samba
(1936) ODEON 11.320-a
Intérprete: Aurora Miranda

20 - O que tem Iaiá (Getúlio Marinho "Amor" - Antonico do Samba) - Samba
(1937) COLUMBIA 8.249-B
Intérprete: Moreira da Silva

21 - Teu olhar (João Bastos Filho - Getúlio Marinho "Amor") - Valsa
(1937) ODEON 11.459-a
Intérprete: Luis Americano

22 - Sereia (João da Bahiana - Getúlio Marinho "Amor") - Macumba
(1938) VICTOR 34.313-a
Intérprete: João da Bahiana e Seu Conjunto

23 - Folha por folha (João da Bahiana - Getúlio Marinho "Amor") - Macumba
(1938) VICTOR 34.313-a
Intérprete: João da Bahiana e Seu Conjunto

24 - Qual foi o mal que te fiz (Getúlio Marinho "Amor" - O. Patrício) - Samba
(1938) ODEON 11.565-a
Intérprete: Henricão

25 - Vai cumprir o teu fado (João Bastos Filho - Getúlio Marinho "Amor") - Samba
(1939) VICTOR 34.517-a
Intérprete: Orlando Silva

26 - Oh Mariana (João Bastos Filho - Getúlio Marinho "Amor") - Marcha
(1940) VICTOR 34.561-a
Intérprete: Murilo Caldas

27 - Nadir (João Bastos Filho - Getúlio Marinho "Amor") - Valsa
(1944) VICTOR 80-0198-a
Intérprete: Nelson Gonçalves