Getúlio Marinho (Getúlio Marinho da Silva), compositor e dançarino, também conhecido pelo apelido de "Amor" nasceu em Salvador, Bahia, em 15/11/1889, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 31/1/1964. Filho de Paulina Teresa de Jesus e de Antonio Marinho da Silva, conhecido por "Marinho que toca". Aos seis anos mudou com a família para o Rio de Janeiro. Com essa mesma idade passou a integrar o Rancho Dois de Ouro.
Foi criado frequentando as casas de tias baianas como Bebiana, Gracinda, Ciata e Calu Boneca. Participou dos primeiros ranchos carnavalescos cariocas criados por baianos do bairro da Saúde. Saía como porta-machado no Dois de Ouros, e desfilava ainda no Concha de Ouro.
Freqüentou as rodas de samba organizadas pelos baianos que se reuniam no Café Paraíso, situado na antiga Rua Larga de São Joaquim, atual Avenida Marechal Floriano. Com o pioneiro Hilário Jovino Ferreira aprendeu a coreografia dos mestres-sala dos ranchos, tornando-se um grande especialista nesta arte, sendo mestre-sala de vários ranchos carnavalescos. De 1940 a 1946 foi o "cidadão-samba" do carnaval carioca.
Em 1916 iniciou a carreira artística atuando como dançarino na revista Dança de velho, apresentada no Teatro São José. No ano seguinte, desfilou como mestre-sala no rancho "Flor do Abacate". Em 1919 foi o mestre-sala do rancho "Quem fala de nós tem paixão". Em 1921 passou a atuar no rancho "Reinado de Silva".
Em 1930 teve sua primeira composição gravada, o samba Não quero amor, pelo Conjunto Africano na Odeon. Frequentou terreiros de macumba e conheceu pais de santo famosos como João Alabá, Assumano e Abedé, passando a recolher pontos de macumba e os levando para o disco, com Elói Antero Dias, como Ponto de Exu, de domínio público, disco 78 rpm, gravadora Odeon, 1930; Ponto de Inhansã, de domínio público, disco 78 rpm, gravadora Odeon, 1930; e Ponto de Ogum, de domínio público, disco 78 rpm, gravadora Odeon, 1930. Outros pontos de macumba, de sua autoria foram gravados por Moreira da Silva.
Em 1931 Patrício Teixeira gravou o samba Não chores, benzinho, Francisco Alves, o samba Apanhando papel, parceria com Ubiratã Silva e Luís Barbosa o samba Fome não é pagode, todos na Odeon.
Em 1932 teve gravados os sambas Vou me regenerar, por Francisco Alves e Não gostei dos seus modos, por Luiz Barbosa e Vitório Lattari; e os pontos de macumba Ererê e Rei de Umbanda, por Moreira da Silva. No mesmo ano, seu samba Gegê, parceria com Eduardo Souto, venceu um concurso carnavalesco promovido pelo jornal Correio da Manhã, foi gravado com grande sucesso por Jaime Vogeler e serviu como mote para a criação da revista Calma Gegê, estrelado por Otília Amorim no Teatro Recreio. Feito inicialmente para focalizar o então presidente Getúlio Vargas, seus versos que diziam: "Tenha calma, Gegê / Tenha calma Gegê / Vou ver se faço / Alguma coisa por você", tornou-se um modismo e um dito popular da época.
Em 1933 compôs com Bide o samba Vou te dar, com Orlando Vieira, a batucada Mumba no caneco, ambas gravadas por Luiz Barbosa e com Valdemar Silva o samba Até dormindo sorriste, registrado por Jaime Vogeler. No mesmo ano, Patrício Teixeira gravou o partido alto Tentação do samba, parceria com João Bastos Filho.
Em 1934 teve o samba Quando me vejo num samba, gravado por Patrício Teixeira. No ano seguinte, Castro Barbosa registrou a marcha De quem será?, parceria com João Bastos FIlho. No mesmo ano foi escolhido como segundo secretário, a primeira diretoria da União das Escolas de Samba.
Em 1936 teve o samba Molha o pano, parceria com Vasconcelos gravado por Aurora Miranda e a marcha Pula a fogueira, parceria com João Bastos Filho por Francisco Alves na Victor. No ano seguinte, o instrumentista Luís Americano gravou ao saxofone sua valsa Teu olhar, parceria com J. Bastos Filho.
Em 1939, Orlando Silva gravou o samba Vai cumprir o teu fado, com J. Bastos Filho. Em 1944 Nelson Gonçalves gravou o samba Nadir, outra parceria com João Bastos Filho, seu principal parceiro. Era considerado grande tocador de omelê, antigo nome da cuíca. Foi um dos pioneiros das escolas de samba.
Em 1961 teve o batuque Macumbembê, gravado por J. B. de Carvalho. Em 1963 adoeceu seriamente sendo internado no Hospital dos Servidores da então Guanabara, vindo a falecer quase esquecido no ano seguinte.
Sobre ele, assim falou Jota Efegê, no livro Figuras e coisas da Música Popular Brasileira: "...sempre impôs sua presença nos desfiles. Vestindo roupas de fidalgo, calçando sapatos de fivela e salto alto, de luvas e cabeleira empoada, sentia-se personagem vindo dos tempos de Luiz XIV, Xv ou de uma corte qualquer para ser o galã da porta-estandarte nos cortejos em que figurava. Sóbrio na sua coreografia, sem acrobacias, presepadas ou letras espetaculares, lograva os aplausos do público justamente por isso que se pode designar como finesse".
Obra
Apanhando papel (com Ubiratã Silva), Até dormindo sorriste (com Valdemar Silva), Auê, Bumba no caneco (com Orlando Vieira), Cafioto, De quem será? (Acom João Bastos Filho), É timbetá, Ererê, Eu sou é bamba, Fome não é pagode, Gegê (com Eduardo Souto), Isquindó (com Antenor Borges), Macumbembê, Molha o pano (com Vasconcelos), Na favela, Na mata virgem, Nadir (com João Bastos Filho), Não chores, benzinho, Não gostei dos seus modos, Não quero teu amor, Óh Mariana (com João Bastos Filho), Pula a fogueira (com João Dornas filho), Quando me vejo num samba, Rei de Umbanda, Tentação do samba (com Joao Bastos Filho), Teu olhar (com J. Bastos Filho), Vai cumprir o teu fado (com J. Bastos Filho), Vou me regenerar, Vou te dar (com Alcebíades Barcelos).
Fontes: Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana - Nei Lopes - 2a. Edição - Editora Selo Negro; Segredos Guardados - J. Reginaldo Prandi - Companhia das Letras; Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Aguardo seu comentário ou opinião.